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Conferência da ONU sobre o Clima

16/11/2016 · 02:57 · atualizado em 01/02/2021
Regulamentar e colocar em prática o Acordo de Paris é o desafio da COP 22.

Cerca de 20 mil pessoas do mundo inteiro estão reunidas desde o dia 7 deste mês em Marraquexe, no Marrocos, na 22ª Conferência da ONU sobre alterações climáticas.

A intenção principal da COP 22 é regulamentar o Acordo de Paris, que foi concluído no fim do ano passado e está simbolicamente em vigor desde o dia 5.

O presidente da Conferência e ministro de Relações Exteriores do Marrocos, Salaheddine Mezouar, espera que esta seja "a COP da Ação", concretizando os principais avanços registrados em Paris. Ele também destacou a necessidade de focar nas pessoas que vivem em áreas mais suscetíveis a eventos climáticos. “É preciso direcionar o trabalho para as populações mais vulneráveis”.

Acordo de Paris

O Acordo de Paris foi firmado no âmbito da COP 21 (Conferência do Clima da ONU), realizada em Paris em dezembro de 2015. Pela primeira vez, um acordo foi assinado por quase todos os países do mundo, no esforço de redução das emissões de carbono visando a conter os efeitos do aquecimento global.

O objetivo de longo prazo do acordo é manter o aquecimento global "muito abaixo de 2ºC", uma vez que esse é o ponto a partir do qual, segundo os cientistas, a Terra estaria condenada a efeitos devastadores, como elevação do nível do mar, eventos climáticos extremos, como secas, tempestades e enchentes, falta de água e de alimentos.

Embora o efeito estufa seja um fenômeno natural, seu aumento nas últimas décadas tem causado mudança no clima. As alterações climáticas decorrem da alta emissão de gases como o dióxido de carbono e o metano, que são liberados em diversas atividades humanas (transporte, desmatamento, agricultura, etc.)

Medidas brasileiras

Algumas iniciativas do Brasil para alcançar suas metas estão sendo abordadas na Conferência, como o combate ao desmatamento na Amazônia e a promoção do desenvolvimento sustentável em território brasileiro.

Outra questão em pauta é a geração de energia pelo país. Segundo o subsecretário-geral de Meio Ambiente do Itamaraty, embaixador José Antonio Marcondes de Carvalho, “o Brasil se orgulha de sua matriz energética extremamente renovável”. Ele também apontou a importância de debates sobre as ações relacionadas ao setor de mudança do uso da terra e o incentivo a uma agricultura de baixo carbono.

A meta brasileira para o combate ao aquecimento global é a redução de 37% das emissões de carbono até 2025, com indicativo de chegar ao corte de 43% em 2030.

Desafios da COP 22

Financiamento

Uma das principais discussões são os mecanismos de financiamento que auxiliem os países em desenvolvimento a realizar as adaptações às mudanças climáticas.

Os países ricos prometeram disponibilizar financiamentos aos mais pobres, torno de US$ 100 bilhões por ano a partir de 2020. Como será o acesso a esses recursos e a forma de acelerar a transferência são questões a serem discutidas na Conferência.

Planos nacionais x Políticas climáticas

Recursos financeiros pedem planejamento adequado. Portanto, os governos devem avaliar os meios para garantir a implementação das chamadas “Contribuições Nacionais”.

No Acordo de Paris, cada nação teve que apresentar seus objetivos quanto à redução de emissões e à adaptação aos fenômenos climáticos extremos. Agora é preciso detalhar quanto esses objetivos são realizáveis e qual o seu custo.

Transparência

Como saber se os países estão cumprindo o que prometeram? A Conferência vai debater sobre a criação de um sistema comum de reporte transparente, a fim de traduzir os esforços de cada país de forma uniforme.

Com isso, todos os países que assinaram o Acordo de Paris poderão acompanhar as contribuições e progressos de cada nação.

COP da Ação

Recente relatório da Pnuma, agência ambiental da ONU, revelou que a temperatura do planeta, mesmo com as medidas do Acordo de Paris, deve aumentar em média entre 2,9°C a 3,4°C neste século.

Assim, a COP22 se torna uma grande oportunidade para focar em novas ações de fortalecimento contra as emissões dos gases de efeito estufa.

Impacto das eleições norte-americanas

Os participantes da COP 22 têm se mostrado preocupados com a vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais norte-americanas. Eles temem, ao assumir a presidência, ele desfaça o acordo mundial.

Algumas falas de Trump durante a campanha reforçam a preocupação quanto a possíveis retrocessos. Ele chegou a afirmar que as mudanças climáticas são uma “farsa” e “obra do governo chinês”, e que "renegociaria" ou "cancelaria" o acordo.

Mas a ministra francesa de Meio Ambiente e presidente do fórum da ONU, Segolene Royal, explicou que os EUA, segundo o acordo, devem esperar aos menos três anos caso queiram eventualmente se retirar.

Ou seja, mais uma vez a COP 22 adquiri um papel fundamental: firmar os acordos já estabelecidos.

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