História >>Reforma Protestante
- Introdução
- Causas
- Reformadores
- Reforma Luterana
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Introdução
A Reforma Protestante foi mais do que um movimento religioso, foi um movimento político... A reforma insere-se no contexto de mudanças que assinalaram a transição da Idade Média para a Idade Moderna. Assim sendo, analisaremos esse movimento, que causou a ruptura do cristianismo ocidental, em todos os seus aspectos: religiosos, econômicos, políticos, e culturais.
Aspectos religiosos: Entre as causas religiosas, podemos destacar a corrupção em que se encontrava a Igreja Católica e o clero medieval. Na Idade Média, a Igreja era a maior detentora de terras, logo, possuidora de imenso poder. Qual era o caminho escolhido por muitos homens para ter uma "carreira" promissora? Ingressar no clero, independente da religiosidade e da fé que o candidato tivesse.
A maioria dos jovens ingressava para o clero visando poder e riquezas pessoais. Foi o caso, por exemplo, de Rodrigo Bórgia, eleito papa com o nome de Alexandre VI . Considerado o mais temível dos papas, seu comportamento corrupto e violento foi alvo de crítica dos reformistas. A corrupção no clero e as acusações de comercializar a fé, através da venda de Indulgências (o perdão dos pecados, concedido pelo papa) e da simonia (comércio de objetos sagrados -relíquias) fizeram com que surgissem críticas e movimentos heréticos no seio da própria Igreja.
Os movimentos heréticos (heresia) eram as doutrinas teológicas ou sistema de ideias consideradas falsas pelas autoridades eclesiásticas. A palavra de origem grega hairesis (da qual a palavra heresia é derivada) é originalmente um termo neutro, pois significa um sistema ou opinião filosófica. Quando adotado pelo Catolicismo, o termo heresia ganha um sentido pejorativo, denotando desaprovação, isso porque a Igreja Católica, desde o seu nascimento, se considera como a única instituição autorizada a falar e propagar a fé e a verdade espiritual.
Os fieis exigiam uma reforma, interna ou externamente. Ambas as mudanças aconteceram...
Causas
Aspectos econômicos: Entre as causas econômicas podemos destacar os conflitos existentes com certas posições oficiais da Igreja, como, por exemplo, a condenação do lucro e da prática da usura (empréstimo de dinheiro a juros). Esse posicionamento da Igreja ia contra os interesses dos comerciantes, que começaram a sentir a necessidade de uma nova ética religiosa, mais adequada ao espírito do capitalismo comercial.
Vamos pensar um pouco: embora o desejo de lucro fosse a preocupação principal da burguesia, a religião continuava sendo importante. Como se sentia um comerciante praticando uma religião que o condenava? Segundo a Igreja, mesmo sendo rico e poderoso, ele poderia ir para o Inferno! Não, não era essa a religião que a burguesia desejava... Os tempos mudavam!
Aspectos políticos: As tendências nacionalistas dos Estados nacionais modernos se opunham ao caráter universalista da Igreja Católica que se apresentava como único fator de unidade do mundo cristão. A palavra católica significa universal. Cada Estado, com sua monarquia, sua língua, seu povo e suas tradições, buscava se auto-afirmar enquanto nação, recusando a submissão ao papa e à Roma.
Aspectos culturais: O Renascimento (século XV) foi um movimento intelectual e artístico de valorização do Homem (Humanismo) em sua individualidade, além de representar uma crítica aos valores medievais e à autoridade da Igreja, influenciando, deste modo os movimentos reformistas religioso. Por que cabia apenas aos padres a interpretação da Bíblia se Deus concedeu a todos os homens a inteligência ?
"Basicamente, o Humanismo dava ao homem sua individualidade. A característica específica do Humanismo da Renascença foi a valorização do homem-indivíduo. O homem transformava-se em centro das atenções e ponto de referência para tudo." (Sebe, José Carlos. Os jesuítas. Ed. brasiliense)
Os reformadores
O movimento de ruptura religiosa deveu-se, principalmente, a três reformadores: Martinho Lutero, João Calvino e Henrique VIII.
Martinho Lutero (Alemanha)
1517 - Elaborou e publicou as 95 Teses.
1520 - O papa Leão X redigiu uma bula de excomunhão Exsurge Domine, condenando-o e exigindo a sua retratação. Após ter ignorado a decisão do papa, e rasgado a bula em público, Lutero foi considerado herege.
1530 - Fundamentou a doutrina luterana com a Confissão de Augsburgo.
João Calvino (Suíça)
Em 1531, Calvino aderiu às ideias reformistas, bastante difundidas nos meios cultos da França, e postreiormente, em 1536, mudou-se para Suíça onde começou a desenvolver suas ideias. Publica Christianae Religionis Institutio, obra que estabelece os princípios de sua doutrina religiosa.
Henrique VIII (Inglaterra)
1532 - Rompeu com o Vaticano.
1533 - Casou-se com Ana Bolena, desobedecendo as ordens do papa.
1534 - Publicação do Ato de Supremacia.
A reforma Luterana
Ainda no período medieval, muitos cristãos haviam lutado por reformas dentro da Igreja Católica. Era essa também a vontade - reformar a Igreja Católica - do alemão Martinho Lutero, monge agostiniano e professor de Teologia. E o que fez com que Lutero rompesse com a Igreja Católica Apostólica Romana?
Com o objetivo de arrecadar fundos para financiar a reconstrução da basílica de São Pedro, o Papa Leão X permitiu que se concedessem Indulgências a todos os fiéis que contribuíssem financeiramente com a Igreja.
Indignado com essa prática, Lutero afixou na porta da Igreja de Wittenberg as 95 teses , onde protestava contra atitude do Papa e expunha os elementos de sua doutrina, baseada nos escritos de Santo Agostinho e nas epístolas de São Paulo, cujo princípio era: "o justo se salvará pela fé." Lutero não voltou atrás em suas opiniões, foi considerado herege pelo Papa, rompendo definitivamente com a Igreja Católica em 1521 (Dieta de Worms). Apoiado pela nobreza alemã, Lutero iniciou a tradução da Bíblia do latim para o alemão e desenvolveu os princípios da nova doutrina, fundamentada com a Confissão de Augsburgo (1530).
Com o objetivo de arrecadar fundos para financiar a reconstrução da basílica de São Pedro, o Papa Leão X permitiu que se concedessem Indulgências a todos os fiéis que contribuíssem financeiramente com a Igreja.
Indignado com essa prática, Lutero afixou na porta da Igreja de Wittenberg as 95 teses , onde protestava contra atitude do Papa e expunha os elementos de sua doutrina, baseada nos escritos de Santo Agostinho e nas epístolas de São Paulo, cujo princípio era: "o justo se salvará pela fé." Lutero não voltou atrás em suas opiniões, foi considerado herege pelo Papa, rompendo definitivamente com a Igreja Católica em 1521 (Dieta de Worms). Apoiado pela nobreza alemã, Lutero iniciou a tradução da Bíblia do latim para o alemão e desenvolveu os princípios da nova doutrina, fundamentada com a Confissão de Augsburgo (1530).
Martinho Lutero
A reforma Luterana
A doutrina luterana pregava:
- salvação pela fé;
- manutenção do batismo;
- eucaristia;
- rejeição à hierarquia religiosa;
- abolição do latim nos cultos;
- supressão do uso de imagens e ícones religiosos;
- Bíblia como única fonte de revelação divina;
- negação da transsubstanciação (transformação do pão e vinho no corpo e sangue de Cristo), aceitando a consubstanciação (pão e vinho representam o corpo de Cristo);
- submissão da Igreja ao Estado.
- salvação pela fé;
- manutenção do batismo;
- eucaristia;
- rejeição à hierarquia religiosa;
- abolição do latim nos cultos;
- supressão do uso de imagens e ícones religiosos;
- Bíblia como única fonte de revelação divina;
- negação da transsubstanciação (transformação do pão e vinho no corpo e sangue de Cristo), aceitando a consubstanciação (pão e vinho representam o corpo de Cristo);
- submissão da Igreja ao Estado.
Porta da igreja em Wittenberg, onde Lutero afixou as 95 teses.
A reforma Luterana
Alguns fragmento de 95 TESES:
1. Ao dizer: "Fazei penitência", etc. [Mt 4.17], o nosso Senhor e Mestre Jesus Cristo quis que toda a vida dos fiéis fosse penitência.
2. Esta penitência não pode ser entendida como penitência sacramental (isto é, da confissão e satisfação celebrada pelo ministério dos sacerdotes).
6. O papa não pode remitir culpa alguma senão declarando e confirmando que ela foi perdoada por Deus, ou, sem dúvida, remitindo-a nos casos reservados para si; se estes forem desprezados, a culpa permanecerá por inteiro.
27. Pregam doutrina humana os que dizem que, tão logo tilintar a moeda lançada na caixa, a alma sairá voando [do purgatório para o céu].
28. Certo é que, ao tilintar a moeda na caixa, podem aumentar o lucro e a cobiça; a intercessão da Igreja, porém, depende apenas da vontade de Deus.
55. A atitude do papa é necessariamente esta: se as indulgências (que são o menos importante) são celebradas com um toque de sino, uma procissão e uma cerimônia, o Evangelho (que é o mais importante) deve ser anunciado com uma centena de sinos, procissões e cerimônias
A reforma Calvinista
A Igreja Presbiteriana é conhecida em todo Brasil. Ela originou-se da reforma calvinista, neste contexto de reformas religiosas do século XVI.
Vamos conhecer um pouco sobre João Calvino e sua reforma?
Embora tenha nascido na França, onde desenvolveu seus estudos de Teologia, João Calvino foi para a Suíça em 1534, aderindo às ideias protestantes. Na Suíça, deu continuidade ao movimento de Ulrich Zwingli, que pregava a crença na predestinação dos homens para a salvação, valorizando menos o papel da fé no processo de salvação.
Em sua principal obra, Instituição da Religião Cristã, Calvino pregava que os homens já nasciam predestinados a merecerem o céu ou o inferno, independente de suas atitudes.
Embora tenha nascido na França, onde desenvolveu seus estudos de Teologia, João Calvino foi para a Suíça em 1534, aderindo às ideias protestantes. Na Suíça, deu continuidade ao movimento de Ulrich Zwingli, que pregava a crença na predestinação dos homens para a salvação, valorizando menos o papel da fé no processo de salvação.
Em sua principal obra, Instituição da Religião Cristã, Calvino pregava que os homens já nasciam predestinados a merecerem o céu ou o inferno, independente de suas atitudes.
Capa de Instituição da Religião Cristã, de João Calvino.
A reforma Calvinista
A ideologia de Calvino pregava que a prosperidade econômica e a riqueza material constituíam um sinal da graça divina aos seus eleitos, e por isso foi muito bem aceita pela burguesia, na medida em que o lucro era justificado pela ética religiosa.
Identificando-se com a burguesia, o Calvinismo espalhou-se por diversas regiões da Europa, como a França, Inglaterra, Escócia e Holanda – países onde se expandia o capital comercial. O sociólogo alemão Max Weber (1864-1920), escreveu uma tese identificando a ética calvinista com o surgimento do capitalismo. Segundo ele, a reforma de Calvino não só admitia o lucro, como considerava-o uma manifestação da graça divina, fornecendo elementos básicos para a legitimação espiritual do capitalismo, sem que este fosse considerado pecado.
Identificando-se com a burguesia, o Calvinismo espalhou-se por diversas regiões da Europa, como a França, Inglaterra, Escócia e Holanda – países onde se expandia o capital comercial. O sociólogo alemão Max Weber (1864-1920), escreveu uma tese identificando a ética calvinista com o surgimento do capitalismo. Segundo ele, a reforma de Calvino não só admitia o lucro, como considerava-o uma manifestação da graça divina, fornecendo elementos básicos para a legitimação espiritual do capitalismo, sem que este fosse considerado pecado.
Em outras palavras: Calvino pregava que o homem nascia predestinado à salvação ou à perdição eternas. Mas qual era o sinal de que uma pessoa era ou não escolhida por Deus, para Calvino? A riqueza material. Ou seja, se fosse rico, isso significaria que fora predestinado à salvação. Caso contrário, a perdição o aguardaria...
É importante você saber que os calvinistas franceses eram chamados de huguenotes. Já na Inglaterra, eles ficaram conhecidos como puritanos, ao passo que, na Escócia, foram denominados presbiterianos.
É importante você saber que os calvinistas franceses eram chamados de huguenotes. Já na Inglaterra, eles ficaram conhecidos como puritanos, ao passo que, na Escócia, foram denominados presbiterianos.
João Calvino, em retrato atribuído a Hans Holbein, o Jovem
A reforma Calvinista
Sugestão de filme sobre o tema:
A RAINHA MARGOT, 139 min.
Adaptação do romance homônimo de Alexandre Dumas, La Reine Margot, o filme trata do casamento da católica Marguerite de Valois e do protestante Henrique de Navarre, que serve de pretexto para a "noite de São Bartolomeu", quando centenas de huguenotes foram assassinados nas ruas de Paris.
A imagem ao lado retrata esse triste episódio da história da humanidade, especialmente doloroso para os franceses.
A RAINHA MARGOT, 139 min.
Adaptação do romance homônimo de Alexandre Dumas, La Reine Margot, o filme trata do casamento da católica Marguerite de Valois e do protestante Henrique de Navarre, que serve de pretexto para a "noite de São Bartolomeu", quando centenas de huguenotes foram assassinados nas ruas de Paris.
A imagem ao lado retrata esse triste episódio da história da humanidade, especialmente doloroso para os franceses.
Massacre de São Bartolomeu, tela de François Dubois.
A reforma anglicana
Dizem que o mundo dá muitas voltas. A história, então, nem se fala! Você sabia que a religião oficial da Inglaterra, atualmente, surgiu no contexto da Reforma Protestante? E tudo começou porque o rei da Inglaterra queria casar-se novamente e, para isso, precisava do divórcio? Parece até mentirinha, mas aconteceu... Vamos conhecer mais sobre a Reforma Anglicana?
Henrique VIII, rei da Inglaterra, havia sido um fiel aliado do Papa, tendo recebido deste, inclusive, o título de "Defensor da Fé". Todavia, uma série de fatores (mais políticos e econômicos do que religiosos) levaram-no a romper com a Igreja Católica e a fundar a Igreja Anglicana.
Entre os principais fatores que provocaram a ruptura estão:
- O fato de Henrique VIII querer aumentar o poder da monarquia inglesa, reduzindo a influência do Papa na Inglaterra, já que esta monopolizava grande parte das terras e do comércio dos objetos sagrados;
- A nobreza capitalista, interessada nas terras da Igreja, uniu-se em torno do rei;
- O pedido de divórcio de Henrique VIII. Como sua esposa, Catarina de Aragão, não lhe dera um herdeiro masculino para o trono inglês, o rei desejava casar-se com Ana Bolena. Mas seu pedido foi recusado pelo Papa. O rei, então, fez com que o clero e o Parlamento da Inglaterra concedessem o seu divórcio e, em 1534, o Parlamento votou o Ato de Supremacia, segundo o qual reconhecia o rei como chefe supremo da Igreja Nacional Anglicana. Esse fato marcou o fim da aliança entre o rei e a Igreja Católica.
A reforma anglicana
O Rei Henrique VIII perseguiu tanto os católicos quanto protestantes de outras tendências. Entretanto, foi a Rainha Elizabeth I (1558-1603) quem estabeleceu definitivamente a Reforma Anglicana na Inglaterra.
Quanto à doutrina, devido a uma série de conflitos internos, a Igreja Anglicana fundamentou-se na conciliação entre o rito tradicional católico (liturgia e hierarquia eclesiástica) e o dogma protestante (a salvação pela fé e preservação do Batismo e Eucaristia como sacramentos).
Quanto à doutrina, devido a uma série de conflitos internos, a Igreja Anglicana fundamentou-se na conciliação entre o rito tradicional católico (liturgia e hierarquia eclesiástica) e o dogma protestante (a salvação pela fé e preservação do Batismo e Eucaristia como sacramentos).
Sugestão de filme sobre o tema:
ELIZABETH, 125 minutos.
O filme narra o reinado de Elizabeth I (1558–1603) que estabeleceu a Igreja Anglicana na Inglaterra e tornou-se a mulher mais poderosa do mundo.
ELIZABETH, 125 minutos.
O filme narra o reinado de Elizabeth I (1558–1603) que estabeleceu a Igreja Anglicana na Inglaterra e tornou-se a mulher mais poderosa do mundo.
Rainha Elizabeth.
A reforma anglicana
A Reforma Anglicana e a questão da Irlanda
É importante saber que durante o século XVI, entre 1550 e 1659, ocorreram as chamadas Guerras de Religião, vários conflitos entre defensores da Igreja Católica e os reformados e entre os próprios reformistas. O principal conflito aconteceu no Sacro Império, sob o comando Habsburgo, no início do século XVII. Apesar de a Paz de Augsburgo ter determinado a separação entre católicos e protestantes alemães, as tensões entre os dois grupos continuava, pois a nobreza aproveitava-se da crise para evitar a centralização e unificação política imperial. A França também foi palco de conflitos. Na noite de 24 de agosto de 1572, dia de São Bartolomeu, os católicos assassinaram os protestantes de Paris, e a perseguição em breve se estendeu ao resto do país. Na Inglaterra, durante o reinado de Elizabeth I uma rebelião em Ulster liderada por Shane O'neill, levou a rainha a tomar medidas repressivas: ela dividiu a Irlanda em condados e oficiais de justiça foram investidos de poderes militares, utilizando toda a sorte de arbitrariedade, mesmo assim, os conflitos entre católicos e protestantes continuaram.
Tanto nessas guerras como nos conflitos ocorridos na Irlanda, a religião serviu mais como pretexto do que como motivo real. Ainda hoje, quando se opõem aos protestantes, os irlandeses estão, na realidade, lutando contra a dominação inglesa na região, uma vez que a Irlanda do Norte pertence à Inglaterra.
Conflitos religiosos ainda ocorrem em várias partes do mundo, como no Iraque, por exemplo. Na História é assim. É preciso compreender o passado para poder explicar o presente. Ou, como disse Hegel: "o resultado é inseparável do processo que o criou."