História >> Guerra Fria
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Introdução
Um conflito político-ideológico?
O mundo nunca mudou tanto, em um espaço tão curto, como no período seguinte à 2ª Guerra Mundial, que acabou em 1945. O efeito mais imediato foi a divisão do mundo em dois blocos de influência: um capitalista, liderado pelos Estados Unidos e o outro, socialista, liderado pela União Soviética. A este conflito ideológico, foi dado o nome de Guerra Fria.
Mas a Guerra Fria não foi somente uma questão ideológica. Ela gerou diversos outros conflitos ao redor do mundo, como veremos nestas páginas.
Charge ilustrando o mundo dividido entre a União Soviética e os Estados Unidos, na época da Guerra Fria.
Os antecedentes
A Conferência de Yalta, em fevereiro de 1945. Da direita para a esquerda, Stálin, Roosevelt e Churchill.
Bipolaridade
Hoje vivemos em um mundo globalizado, no qual as fronteiras econômicas e culturais são cada vez mais frágeis, pois os mercados estão cada vez mais integrados. Mas nem sempre foi assim...
No período da Guerra Fria, o mundo era caracterizado pela bipolaridade. Isso quer dizer que, durante aproximadamente quarenta anos, entre 1945 e 1991, duas superpotências cujos regimes eram diferentes (uma capitalista - Estados Unidos) e outra socialista (União Soviética) controlavam, direta ou indiretamente, inúmeros países aliados, que estavam sob sua influência. Esses países, como Cuba, Coreia e Vietnã, tinham autonomia, possuíam governos próprios, mas estavam envolvidos na Guerra Fria.
Durante os anos 90, o mundo ficou conhecido pela multipolaridade. Os polos geopolíticos eram liderados por Estados Unidos, Europa (sobretudo a Alemanha) e Japão (ao lado da China). Atualmente, não podemos abrir mão da importância dos países que compõem o BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul).
Mas, retomando à Guerra Fria, não podemos deixar de falar de conflitos, em mencionar as diferenças entre Capitalismo e Socialismo.
Bipolaridade
O Capitalismo Norte-Americano
Os Estados Unidos emergem da Segunda Guerra como a maior potência do mundo Ocidental. Através do Plano Marshall, um acordo de cooperação técnica e econômica, aplicado em 1947, segundo o qual os EUA emprestariam cerca de 13 bilhões de dólares (um valor exorbitante para a época) aos países que sofreram danos com a Guerra. Este acordo permitiu que os Estados Unidos se tornassem os maiores credores da Europa, com quem fortaleceram os laços econômicos e comerciais. A constante hostilidade soviética, que não permitiu que nenhum país sob sua influência participasse do Plano Marshall, fez com que os Estados Unidos buscassem acordos de cooperação militar, buscando fazer frente ao Bloco Soviético em formação. Surgiu assim, em 1949, a OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte), assinado por diversos países capitalistas, entre eles: Bélgica, Canadá, Dinamarca, Espanha, Estados Unidos da América, França, Grécia, Países Baixos, Islândia, Itália, Luxemburgo, Noruega, Portugal, Reino Unido e Turquia.
O Capitalismo tem como base econômica o consumo de bens e a venda da mão de obra, além da livre concorrência e o grande temor norte-americano era a expansão do socialismo soviético, um regime de economia planificada, no qual não há propriedade privada e onde o estado controla todas as operações econômicas de grande porte. Ou seja, um sistema é o inverso do outro e a preponderância de um significaria, a longo prazo, a desintegração do outro.
Bandeira da OTAN
Bipolaridade
O Socialismo Soviético
No início do século XX, a Rússia era um império, comandado pelo Czar Nicolau Romanov. Em fevereiro de 1917, a crescente miséria e o lento desenvolvimento do império Russo provocaram o início da Revolução Russa, que pretendia transformar a Rússia numa República Liberal, depondo a monarquia e estabelecendo um governo provisório. Entretanto, em outubro do mesmo ano, houve um novo golpe, a chamada Revolução de Outubro, liderada por Lênin, que pôs fim ao governo provisório e estabeleceu o regime socialista soviético, que iria perdurar até os anos 90 do mesmo século. Lênin é considerado por alguns historiadores o mais influente personagem do século XX. Após sua morte, seu corpo foi mumificado e colocado em exposição no Mausoléu da Praça Vermelha, em Moscou, onde ainda permanece.
Após o estabelecimento do socialismo como regime de governo, ainda em 1917, iniciou-se a união dos antigos países que compunham o Império Russo e em 1922 foi criada a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas - URSS, que, após a morte de Lênin, passou a ser liderada por Josef Stalin.
Stalin inaugurou um período ditatorial, administrando a URSS com mão de ferro e após a Segunda Guerra buscou aliados políticos para fazer frente ao capitalismo norte-americano. Assim, em 1955, foi assinado o Pacto de Varsóvia, um tratado de cooperação entre União Soviética, Alemanha Oriental, Bulgária, Hungria, Polônia, Checoslováquia e Romênia, com o objetivo de fazer frente à Otan e organizar-se militarmente contra um possível ataque dos aliados ocidentais.
A pretexto de defenderem-se, começa, então, uma corrida armamentista, tanto entre os aliados soviéticos quanto norte-americanos.
Bipolaridade
A Corrida Armamentista
Teste de Bombas Nucleares nos Estados Unidos.
Frente ao poderio nuclear norte-americano, não tardou que a União Soviética iniciasse seu próprio programa nuclear. Em 1960, as duas potências já haviam acumulado armas nucleares capazes de devastar todo o planeta.
Os conflitos
Enquanto durou a Guerra Fria, não houve nenhum conflito direto envolvendo Estados Unidos e União Soviética. Mas, se houvesse ocorrido, considerando a quantidade de armamentos nucleares que ambas potências desenvolveram, provavelmente não estaríamos mais por aqui para contar essa história... Entretanto, estes países estiveram envolvidos em diversos outros conflitos ao redor do mundo, que mudaram para sempre os países nos quais ocorreram e cujos efeitos podem ser sentidos até nossos dias.
Em 1949, a China, sob o comando de Mao-tsé-Tung, tornou-se comunista. Nos anos 50, diversos países asiáticos tornaram-se independentes de países europeus, rompendo com uma dominação de décadas, e começaram a se desenvolver economicamente, o que os tornaria importantes aliados. A proximidade com a China comunista alarmou os Estados Unidos, que buscaram interferir politicamente naquela região. Essas interferências geraram diversos conflitos, dos quais destacamos a Guerra da Coreia e a Guerra do Vietnã.
Charge com a "queda de braço" entre o presidente americano John Kennedy e o primeiro ministro soviético Nikita Kruschev,
ambos sentados em mísseis, que ilustram o perigo que esta disputa representa para o mundo.
Os conflitos
A Guerra da Coreia
Paraquedistas norte-americanos saltam sobre a Coreia, em 1950.
Os combates seguem por mais de um ano e em 1951, começam as negociações para o cessar fogo, que acontece em 1953, com a assinatura de um acordo. Entretanto, a paz definitiva nunca foi assinada.
Os conflitos
A crise dos mísseis
Foto tirada por um satélite norte-americano revelando a base de mísseis soviética em Cuba.
Em 1961 os Estados Unidos iniciaram a instalação de mísseis nucleares na Turquia, próximo à fronteira da União Soviética e em abril do mesmo ano apoiaram uma fracassada tentativa de desembarque na baía dos Porcos, em Cuba, para derrubar o governo de Fidel Castro. A União Soviética reagiu iniciando a transferência de armamento pesado para Cuba, inclusive mísseis nucleares, que foram fotografados por um avião americano. Nikita Kruschev, o primeiro-ministro da URSS, afirmou que os mísseis eram apenas defensivos, para inibir uma outra tentativa de invasão da ilha, mas a crise já estava instalada.
Os conflitos
Com a declaração da Casa Branca de que os Estados Unidos estavam dispostos a utilizar todo o seu arsenal nuclear contra a ameaça comunista, o recado americano era claro: ou a União Soviética desativava os mísseis em território russo ou o mundo conheceria uma guerra nuclear sem precedentes.
A tensão mundial aumentou dia a dia durante 13 dias, que ficaram conhecidos como os 13 dias que abalaram o mundo. No dia 28 de outubro, com a retirada dos mísseis americanos baseados na Turquia, Nikita Kruschev ordenou a retirada do arsenal baseado em Cuba.
Veja este episódio retratado no cinema no filme
"Os 13 Dias que Abalaram o Mundo", com
Kevin Costner:
Conflitos
A Guerra do Vietnã
Antes de sua independência, o Vietnã fazia parte da chamada Indochina, uma colônia francesa que agregava ainda as regiões dos atuais Laos e Camboja. Durante a segunda guerra mundial, o Japão anexou a região ao seu domínio. Os vietnamitas, liderados por Ho Chi Minh, se organizaram na Liga Revolucionária para a Independência do Vietnã, para lutar contra os japoneses e ao final da 2ª Guerra proclamaram, na parte norte do país, a República Democrática do Vietnã.
Após a guerra, a França tentou restabelecer seu domínio e teve início a Guerra da Indochina, que acabou com a derrota francesa. Foi convocada uma Conferência Internacional para negociar a paz que acabou por reconhecer, em 1954, a independência de três países na antiga Indochina: Laos, Cambodja e Vietnam. Este seria dividido em dois - ao norte a República Democrática do Vietnã, socialista, governada por Ho Chin Minh e com capital em Hanói, e ao sul a República do Vietnã, pró-capitalista, liderada por Ngo Dinh-diem e cuja capital era Saigon. A Conferência de Genebra decidiu ainda que haveria entre os dois países uma Zona Desmilitarizada e que, em 1956, seriam realizadas, sob supervisão internacional, eleições livres para unificar o país. Os Estados Unidos, entretanto, não assinaram o acordo. Em 1955 o primeiro ministro Ngo Dinh Diem liderou um golpe militar, depôs a monarquia, organizou uma república ditatorial, que recebeu apoio dos Estados Unidos e acabou por cancelar as eleições previstas para decidir a unificação do país.
A violenta política repressiva, associada à estagnação da economia fez surgir movimentos de oposção, dentre os quais se destacou a Frente de Liberação Nacional e seu braço armado, o exército vietcong, que recebeu o apoio do Vietnam do Norte.
Conflitos
A Guerra do Vietnã
Tentando barrar a expansão do socialismo na região, os Estados Unidos se aproximaram do governo do Sul e enviaram ajuda militar para combater a Frente de Libertação Nacional durante quase dez anos até que, em 1964, o presidente americano Lyndon Johnson decidiu intervir militarmente no país, alegando que navios americanos tinham sido atacados por lanchas do Vietnã do Norte. Começava uma nova guerra, que se estendeu até 1975, quando tropas norte-vietnamitas invadiram Saigon. Os Estados Unidos já haviam se retirado do Vietnam em 1973, após forte pressão da opinião pública americana, exigindo o retorno dos soldados americanos, após mais de 60 mil mortos e 300 mil feridos. Do lado vietnamita, estima-se que mais de 500 mil tenham morrido e milhões ficaram feridos. Os prejuízos financeiros e econômicos foram incalculáveis e o país ficou arrasado.
Na Guerra do Vietnã foram usados pela primeira vez armas químicas como o gás napalm, que provoca queimaduras e dores intensas e a imagem-símbolo da guerra é a de uma jovem vietnamita correndo nua em meio a um bombardeio com napalm.
Corrida espacial
Mas nem só de conflitos armados foi feita a Guerra Fria. A disputa entre as potências estimulou a disputa de territórios na terra e a exploração e a conquista do espaço. O objetivo era militar: colocar satélites e estações espaciais em órbita para melhorar a comunicação, estabelecer uma rede de espionagem sobre o inimigo e planejar ataques precisos.
A URSS saiu na frente, ao lançar, em 1957, o Sputnik 1, primeiro satélite artificial em órbita da Terra e, logo a seguir, com o intervalo de uma semana, o Sputnik 2, desta vez, tripulado, por uma cadela, Laika, provando, assim, a possibilidade de organismos vivos sobreviverem à saída da atmosfera. Os Estados Unidos reagiram criando, em 1958, sua agência espacial, a NASA. Mas os soviéticos continuaram na frente enviando, em 1961, o primeiro homem ao espaço: Iuri Gagarin, tripulando a nave Vostok 1, numa viagem de uma hora e quarenta e oito minutos e de cerca de quarenta mil quilômetros em volta da Terra. O deslumbramento do russo pode ser traduzido em sua mais famosa frase "A Terra é azul." O homem fora ao espaço, mas ainda não pisara na Lua, até que, em julho de 1969, os norte-americanos superam os soviéticos e o astronauta americano Neil Armstrong, finca no solo lunar a bandeira dos Estados Unidos.
Corrida espacial
Durante a Guerra Fria, importantes projetos espaciais foram realizados, no lado americano podemos citar as sondas americanas da série Voyager que lançadas no final da década de 70 visitaram os maiores planetas de nosso sistema solar. Do lado soviético, um dos mais importantes acontecimentos foi o lançamento da estação orbital Mihr (que significa paz, em russo) que, lançada no ano de 1985, marca o último grande momento do programa espacial socialista.
Após a dissolução da União Soviética, em 1991, outros projetos espaciais relevantes foram realizados em ambos os lados, mesmo com a grande crise de investimentos que assolava os programas espaciais. Exemplos de projetos deste período são o Telescópio Espacial Hubble, a nave Galileu, a Estação Espacial Internacional Alpha, a exploração de Marte e o Neat (Programas de Rastreamento de Asteróides Próximos da Terra).
O telescópio norte-americano Hubble, que já enviou incríveis imagens do espaço para a Terra.
Guerra Fria hoje?
A partir de 1980, a Guerra Fria foi perdendo seu fôlego. Em 1989, a queda do Muro de Berlim e a unificação da Alemanha, que optou por adotar o regime capitalista, evidenciaram a fragilidade do socialismo soviético. A própria União Soviética enfrentava grave crise econômica, gerada pelo isolamento comercial que o regime socialista do país impusera. Em 1985, o então presidente soviético, Mikhail Gorbatchev, lançou um programa econômico, conhecido como "perestroika", que, em russo significa reestruturação, com o objetivo de dinamizar a economia soviética e integrá-la, progressivamente, ao mercado mundial.
Mas não houve tempo para as reformas: em 1991, Gorbatchev foi deposto, através de um golpe, e assumiu, em seu lugar, Boris Yeltsin, cuja proposta de governo era abrir a economia do país ao Ocidente, acirrando ainda mais a crise soviética. Várias das repúblicas que compunham a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas optaram pela independência, pondo fim à antiga URSS. Em seu lugar foi criada, em 8 de dezembro de 1991, a CEI, Comunidade dos Estados Independentes, composta por 12 países da antiga União Soviética: Armênia, Azerbaijão, Bielorrússia, Geórgia, Cazaquistão, Quirguistão, Moldávia, Rússia, Tajiquistão, Ucrânia e Uzbequistão.
Era o fim da Guerra Fria. Será?
A Guerra Fria, como vista nos anos 60 e 70 do século XX, de fato, acabou. Entretanto, diversos incidentes internacionais ainda demonstram que ela permanece latente.
Quem não lembra do ocorrido com o submarino russo Kursk, que naufragou no Oceano Ártico, em agosto de 2000. O que estava fazendo um submarino nuclear da classe Oscar-II, pertencente à marinha russa, no Mar de Barents, na costa da Noruega? Mais recentemente, a separação da Ucrânia e anexação da Crimeia e da cidade de Sevastopol à Russia, em março de 2014, reacendeu os debates e os temores internacionais em relação ao equilíbrio das fronteiras. O fato, porém, elevou a popularidade de Vladimir Putin, entre os russos. E deixou o Ocidente atento à geopolítica internacional.