História >> As Cruzadas
Introdução
Origens da Guerra Santa
Estamos tão acostumados a ouvir e ver, em diferentes fontes de informação, notícias sobre os conflitos no Oriente Médio que raramente paramos para pensar nas causas dessas guerras e só torcemos para que elas cheguem ao fim.
Você sabia que esses conflitos tiveram início há séculos, por motivos étnicos e religiosos, que sempre serviam de justificativa para a verdadeira causa dos conflitos: a disputa pela posse de alguns territórios?
A maior série de conflitos desse tipo foram as Cruzadas, nas quais cristãos e muçulmanos, se enfrentaram entre os séculos XI e XIII, ou seja, por mais de 200 anos!
Mas afinal, quem eram os muçulmanos?
Introdução
Os muçulmanos são os adeptos da religião islâmica.
Eles são monoteístas, ou seja, acreditam num único deus, Alá, e no profeta Maomé, que foi o responsável pelo livro sagrado, chamado Alcorão.
Os árabes foram os primeiros a se tornarem muçulmanos e também responsáveis pela sua difusão,
pelo Oriente Médio, norte da África e parte da península Ibérica.
O movimento das Cruzadas
Antecedentes
Isto porque desde o século VIII os muçulmanos vinham dificultando o acesso de europeus a lugares tradicionais e santos para a religião católica, como o Santo Sepulcro, na Palestina, onde, para os cristãos, Cristo foi enterrado.
O Santo Sepulcro era um lugar de peregrinação para os católicos, que consideravam a difícil viagem até lá como um ritual de purificação.
Basílica do Santo Sepulcro, em Jerusalém, marca o lugar onde Jesus teria sido crucificado.
As Origens
O movimento
Para dar um fim ao poder muçulmano, que dificultava o acesso a esses lugares santos, nobres europeus, a pedido da Igreja Católica organizaram expedições militares para a Palestina.
Os imperadores bizantinos se aliaram ao movimento, pois contavam com a ajuda do Ocidente para combater o avanço dos turcos sobre seu território. Para a Igreja Católica, seria a chance de reafirmar-se no Oriente, fazendo a reunificação das duas igrejas e assim aniquilar o poder da Igreja Ortodoxa.
As Origens
Direito de primogenitura: segundo este direito, apenas o filho mais velho do senhor feudal poderia herdar as terras e os títulos paternos. Para os demais filhos, restavam as opções de se tornarem membros do clero, vassalos de outros senhores ou partirem como cavaleiros em busca de aventuras e novas terras. As Cruzadas surgiam como uma opção para esses jovens nobres.
Crescimento demográfico: nesse período, pela ausência de guerras e por boas colheitas, a população europeia cresceu bastante e a estrutura feudal não conseguia absorver este excedente populacional, gerando milhares de excluídos, marginalizados do sistema. Grande parte dos exércitos das Cruzadas foi composta por estas pessoas, incentivadas pela Igreja Católica.
Jerusalém, no início das cruzadas.
As Origens
Interesse Comercial:
outra causa que ajudou a impulsionar o movimento: as Cruzadas seriam a "chave" que possibilitaria a reabertura do Mediterrâneo e a obtenção de entrepostos comerciais no Oriente, nos quais estavam extremamente interessados os comerciantes italianos.
O movimento cruzadista
Em 1095, o Papa Urbano II fez um inflamado discurso no Concílio de Clermont, conclamando os cristãos a ingressarem nas expedições cruzadistas rumo ao Oriente.
O Clero tinha grande influência política durante a Idade Média.
O movimento cruzadista
Outras expedições se seguiram:
Segunda Cruzada(1147-1149): Foi organizada após a reconquista de Jerusalém pelos turcos. Não atingiu seus objetivos e desintegrou-se sem resultados significativos.
Terceira Cruzada: Denominada de Cruzada dos Reis pela participação de Ricardo Coração de Leão, rei da Inglaterra, Felipe Augusto, rei da França e Frederico Barba-Roxa, rei do Sacro Império Romano Germânico, foi organizada depois que o sultão Saladino retomou Jerusalém, em 1187. Frederico morreu a caminho e Felipe retornou à França; Ricardo, depois de inúmeras derrotas, conseguiu apenas o consentimento de Saladino para que fossem feitas peregrinações cristãs a Jerusalém.
O movimento cruzadista
Quinta, Sexta, Sétima e Oitava Cruzadas: Secundárias em todos os aspectos, não obtiveram sucesso.
Entrada dos cruzados em Constantinopla, de Eugène Lacroix- 1840
O movimento cruzadista
Os cruzados europeus contavam com uma fácil vitória sobre os muçulmanos, esperando muito pouca resistência, mas a realidade foi bem diferente.
Miniatura do século XIII representa uma violenta cena de combate: cavaleiros medievais atacam uma cidade muçulmana.
O movimento cruzadista
Além dessas cruzadas, ocorreram movimentos extra-oficiais, como a Cruzada dos Mendigos, em 1096, um movimento popular, motivado pelo misticismo da época e anterior à Primeira Cruzada, no qual todos foram massacrados pelos turcos e a Cruzada das Crianças, em 1212.
Baseada no princípio de que apenas almas puras poderiam libertar Jerusalém, mesmo sem o consentimento do Papa, foi organizada uma cruzada formada basicamente por crianças. As que não foram massacradas foram capturadas e vendidas como escravas.
Em 1119 foi criada uma ordem religiosa, chamada de Ordem dos Cavaleiros Templários, com o objetivo de participar nos combates das Cruzadas, ajudando na retomada de Jerusalém.
O movimento cruzadista
O símbolo da ordem mostrava dois cavaleiros montados num cavalo e seus integrantes usavam uma cruz vermelha nos escudos e no manto branco que vestiam e faziam votos de pobreza. Vestígios da passagem dos templários pela Europa e Oriente Médio ainda são visíveis, pois chegaram a construir fortalezas como esta:
O Krak des Cheveliers foi erguido no deserto da atual Síria, para proteger uma rota usada pelos cruzados.
Sob pressão do rei Felipe IV da França, preocupado com o aumento do poder dos templários, o papa Clemente V dissolveu a ordem em 1312.
O movimento cruzadista
Agora, vejamos um pouco da geografia da época.
Movimento Cruzadista dos séculos XI a XIII.
A herança das Cruzadas
As Cruzadas não resolveram os problemas europeus de aumento populacional e de ambição por novas terras. No campo, foi preciso aprimorar a produtividade agrícola para alimentar a crescente população. E as guerras por territórios continuaram.
Ocorreu o Renascimento comercial e urbano na Europa em função do grande fluxo de produtos rurais e mercadorias vindas do Oriente, mas nobres e comerciantes não conseguiam fazer um acerto de quem ganharia mais, gerando sérios conflitos.
As Cruzadas tiveram um significativo papel na mudança da mentalidade europeia que resultou na formação e fortificação de estados centralizados e nacionalizados. A figura política forte neste período seria o rei, que buscou apoio numa nova classe nascente, chamada burguesia, responsável pelo comércio.
Daí por diante, o Feudalismo estava com os dias contados.