1) Pode-se abordar o estudo das organizações asseverando a unicidade de toda estrutura social e evitando qualquer generalização, até que se tenha à mão prova empírica de similaridade bem aproximada. Foi esse o ponto de vista aconselhado à equipe de pesquisa da Universidade de Michigan pelos líderes de quase todas as organizações estudadas.— Nossa organização é única; de fato, não podemos ser comparados a qualquer outro grupo, declarou um líder ferroviário. Os ferroviários viam seus problemas organizacionais como diferentes de todas as demais classes; o mesmo acontecia com os altos funcionários do governo. Os dirigentes das companhias de seguros reagiam da mesma forma, o que também era feito pelos diretores de empresas manufatureiras, grandes e pequenas. Entretanto, no momento em que começavam a falar de seus problemas, as reivindicações que faziam de sua unicidade tornavam-se invalidadas. Através de uma análise de seus problemas teria sido difícil estabelecer diferença entre o diretor de uma estrada de ferro e um alto funcionário público, entre o vice--presidente de uma companhia seguradora e seu igual de uma fábrica de automóveis. Conquanto haja aspectos únicos em qualquer situação social, também existem padrões comuns e, quanto mais nos aprofundamos, maiores se tornam as similaridades genotípicas. Por outro lado, o teorista social global pode ficar tão envolvido em certas dimensões abstratas de todas as situações sociais que ele será incapaz de explicar as principais origens de variação em qualquer dada situação. O bom senso indica para esse problema a criação de uma tipologia. Nesse caso, são atribuídos às organizações certos tipos a respeito dos quais podem ser feitas generalizações. Assim, existem organizações voluntárias e involuntárias, estruturas democráticas e autocráticas, hierarquias centralizadas e descentralizadas, associações de expressão e aquelas que agem como instrumentos. As organizações são classificadas de maneira ainda mais comum, de acordo com suas finalidades oficialmente declaradas, tais como educar, obter lucros, promover saúde, religião, bem-estar, proteger os interesses dos trabalhadores e recreação. Adaptado de KATZ, Daniel e KAHN, Robert L., p. 134-135. Psicologia Social das Organizações. São Paulo: Atlas, 1970. Do primeiro período do texto, entende-se que: |
A) É possível estudar as organizações, partindo do pressuposto de que cada estrutura social tem características particulares, únicas. |
2) Pode-se depreender do texto da questão 1 que: |
A) Líderes diferentes achavam que suas organizações tinham características únicas; no entanto, quando começaram a falar, ficou evidente que os problemas delas eram similares. |
3) Entende-se, ainda, do texto da questão 1 que: |
C) Existem aspectos únicos nas variadas situações sociais, mas existem também características que lhes são comuns. |
4) Segundo o texto da questão 1, a criação de uma tipologia pode ser: |
E) Uma solução para o problema de o teorista social global perder de vista fontes principais de variação em dadas situações sociais. |
5) Observe a frase “Os ferroviários viam seus problemas organizacionais como diferentes de todas as demais classes”. Nela, para que mensagem estivesse totalmente explícita, faltaria acrescentar uma palavra. Trata-se de: |
B) Dos. |
6) Observe, no texto, o seguinte período: “Nesse caso, são atribuídos às organizações certos tipos a respeito dos quais podem ser feitas generalizações”. Nele, ocorre voz passiva analítica; a voz ativa correspondente está indicada em: |
D) Nesse caso, (alguém) atribui às organizações certos tipos a respeito dos quais (alguém) pode fazer generalizações. |
7) Zôo Uma cascavel, nas encolhas*. Sua massa infame. Crime: prenderam, na gaiola da cascavel, um ratinho branco. O pobrinho se comprime num dos cantos do alto da parede de tela, no lugar mais longe que pôde. Olha para fora, transido, arrepiado, não ousando choramingar. Periodicamente, treme. A cobra ainda dorme. * Meu Deus, que pelo menos a morte do ratinho branco seja instantânea! * Tenho de subornar um guarda, para que liberte o ratinho branco da jaula da cascavel. Talvez ainda não seja tarde. * Mas, ainda que eu salve o ratinho branco, outro terá de morrer em seu lugar. E, deste outro, terei sido eu o culpado. ______________ (*) nas encolhas = retraída, imóvel (Fragmentos extraídos de Ave, palavra, de Guimarães Rosa) A situação do ratinho branco, preso na gaiola da cascavel, provocou no narrador: |
D) compaixão e desejo de intervir, seguidos de uma reflexão moral. |
8) Por meio de frases como “A cobra ainda dorme”, “Talvez ainda não seja tarde” e “ainda que eu salve o ratinho branco”, o narrador, no texto da questão 7: |
A) prolonga a tensão, alimentando expectativas. |
9) O último parágrafo do texto da questão 7 permite inferir que a convicção final do narrador é a de que: |
C) nenhuma escolha é isenta de responsabilidade. |
10) No texto da questão 7, o parágrafo em que ocorrem elementos descritivos expressos por meio de frases nominais é o: |
A) primeiro. |
11) Eu te amo Ah, se já perdemos a noção da hora, Se juntos já jogamos tudo fora, Me conta agora como hei de partir… Se, ao te conhecer, dei pra sonhar, fiz tantos desvarios, Rompi com o mundo, queimei meus navios, Me diz pra onde é que inda posso ir… (…) Se entornaste a nossa sorte pelo chão, Se na bagunça do teu coração Meu sangue errou de veia e se perdeu… (…) Como, se nos amamos como dois pagãos, Teus seios inda estão nas minhas mãos, Me explica com que cara eu vou sair... Não, acho que estás só fazendo de conta, Te dei meus olhos pra tomares conta, Agora conta como hei de partir... (Tom Jobim — Chico Buarque) O sentimento de perplexidade expresso nas frases “como hei de partir”, “pra onde é que inda posso ir”, “com que cara eu vou sair”, deve-se ao fato de que a relação amorosa do sujeito: |
B) constituiu uma radical experiência de fusão com o outro, da qual não vê como sair. |
12) O prefixo assinalado em “desvario” expressa: |
E) intensificação. |