Quem é Jânio Quadros?

Jânio da Silva Quadros nasceu em Campo Grande, no então estado de Mato Grosso e atualmente capital do Mato Grosso do Sul, no dia 25 de janeiro de 1917, filho do médico paranaense Gabriel Quadros e de Leonor da Silva Quadros.

Ainda criança, mudou-se com a família para Curitiba, onde fez o curso primário e parte do secundário no Ginásio Paranaense.

Seu pai ingressou no Partido Republicano Paranaense (PRP), em cuja legenda foi eleito deputado estadual. Com o triunfo da Revolução de 1930, Gabriel Quadros viajou para São Paulo, depois de passar curtas temporadas nos municípios de Garça, Bauru e Cândido Mota, fixou-se na capital, e mandou buscar a família.

Jânio foi matriculado no Colégio São Joaquim, em Lorena (SP), mas em 1933 ingressou no Colégio Arquidiocesano, na cidade de São Paulo, onde concluiu os estudos secundários.

Em 1935, aos 18 anos, passou a lecionar português e geografia em algumas escolas e ingressou na Faculdade de Direito, onde começou a participar das atividades promovidas pelo Centro Acadêmico 11 de Agosto.

No ano seguinte, resolvido a eleger-se secretário da entidade, fez uma campanha singular: todos os dias ficava sentado num barril, em frente às arcadas da faculdade, com uma fita no chapéu onde escrevera: "Vote em Jânio." Os colegas acharam graça e votaram nele.

Ainda acadêmico, conheceu Eloá do Vale, de 15 anos, filha de um farmacêutico amigo de seu pai. Logo que recebeu o diploma, casou-se com ela. Montou, então, um pequeno escritório de advocacia no centro da capital e começou a lecionar em dois colégios tradicionais - o Dante Alighieri e o Vera Cruz.

Com o fim do Estado Novo e a reorganização partidária ocorrida em 1945, filiou-se ao comitê da União Democrática Nacional (UDN) no bairro de Vila Mariana. No entanto, por não ter conseguido espaço nesse partido para concorrer a vereador nas eleições de 1947, candidatou-se na legenda do Partido Democrata Cristão (PDC), com o apoio de pais e alunos do colégio Dante Alighieri.

Jânio obteve 1.704 votos, insuficientes para sua eleição. Porém, com a suspensão do registro do Partido Comunista Brasileiro, então Partido Comunista do Brasil, e a posterior cassação dos mandatos de seus parlamentares, sobraram muitas cadeiras na Câmara Municipal de São Paulo, onde o PCB possuía a maior bancada. Jânio foi um dos suplentes chamados a preencher esses lugares em 1948. Seu trabalho como vereador foi muito decisivo para projetá-lo na vida política paulista, como defensor intransigente da moralização administrativa e severo crítico do governo de Ademar de Barros, líder nacional do Partido Social Progressista (PSP).

Com um estilo particular de oratória, sempre mal vestido e despenteado, encampava as reivindicações populares, visitando bairros pobres, assinando manifestos, escrevendo artigos para jornais e defendendo grande número de proposições, requerimentos e projetos de lei. Obtinha cada vez mais espaços na imprensa, que cortejava. Certa vez apresentou um projeto que isentava os jornalistas do pagamento do imposto predial. Os servidores municipais foram conquistados pelo abono de Natal, outra idéia do vereador Jânio.

 

O político Jânio

Conhecido por sua moralidade e conduta impecáveis (embora um tanto excêntrico) Jânio Quadros foi o primeiro prefeito eleito de São Paulo após a Revolução de 30. Sua posição política tendia ora à esquerda, ora à direita, confundindo aliados e opositores.

Jânio prefeito

Sua fama de bom administrador e de estar acima dos partidos políticos o fez candidato à Presidência da República. O símbolo de sua campanha era uma vassoura  com a qual pretendia “Varrer a imoralidade do país”.

 

Jânio na campanha presidencial

Sua vitória foi esmagadora e, em 31 de janeiro de 1961, era empossado como novo presidente do Brasil, herdando do presidente anterior, Juscelino Kubitschek, um país com uma dívida externa galopante e problemas em quase todos os setores, como saúde e educação.

 

Jânio e sua equipe de governo

Sua posição política manteve-se ambígua. Por um lado, aceitava todas as disposições do FMI para controlar a economia e por outro reatou relações diplomáticas com os países do bloco socialista em plena guerra fria, contrariando as expectativas de seu mais poderoso aliado, os Estados Unidos.

 

Jânio e Che Guevara

Mas o país continuava em crise. Em meio ao tumulto, o novo presidente tomava medidas descabidas, como proibir o uso do biquíni nas praias brasileiras. Enquanto Jânio preocupava-se com a roupa de banho exibida nas praias, o Brasil encontrava-se cada vez mais endividado e estagnado.

Submetido a pressões de todos os lados, Jânio renuncia em 25 de agosto de 1961. Acreditava que, por ter sido eleito por imensa maioria, a população e as forças armadas o reempossariam, permitindo que essa atitude lhe desse maiores poderes frente ao Congresso Nacional. Mas isso não aconteceu. Sua renúncia foi aceita e seu vice-presidente João Goulart, empossado.

Jânio deixa a cadeira presidencial como o único presidente do Brasil a ter renunciado após sete meses de governo.

 

Trecho da carta de renúncia:

"Desejei um Brasil para os brasileiros, afrontando, neste sonho, a corrupção, a mentira e a covardia que subordinam os interesses gerais ao apetite e às ambições de grupos ou indivíduos, inclusive do exterior. Sinto-me porém esmagado. Forças terríveis levantaram-se e me intrigam ou me difamam, até com a desculpa da colaboração. Se permanecesse, não manteria a confiança e a tranqüilidade, ora quebradas, indispensáveis ao exercício da minha autoridade."

Obs.:: Fonte de Imagens e texto adaptado da http://www.cpdoc.fgv.br/comum/htm/