História >> Índios do Brasil III- Sociedade
- Uma sociedade ideal?
- Organização social
- menu1pag2
- menu1pag2
- menu1pag2
- menu1pag2
- menu1pag2
- menu1pag2
- menu1pag2
- menu1pag2
- menu1pag2
- menu1pag2
- menu1pag2
- Organização política
- menu1pag2
- menu1pag2
- menu1pag2
- menu1pag2
- menu1pag2
- menu1pag2
- menu1pag2
- menu1pag2
- menu1pag2
- menu1pag2
Introdução
As sociedades indígenas são formadas por grupos de pessoas que vivem na mesma área, falam a mesma língua, têm os mesmos costumes e compartilham um sentimento de unidade. Nessas sociedades, diferenças sociais e econômicas entre seus membros são pequenas, se comparadas às de nossa sociedade.
Como não existe propriedade privada dos meios de produção, nem a venda da força de trabalho, as diferenças socioeconômicas dependem principalmente do desempenho social dos indivíduos e da sua capacidade de trabalho. Assim, qualquer indivíduo tem acesso a um pedaço de terra para fazer sua roça e terá direito a ela até que resolva abandoná-la, geralmente devido ao esgotamento do solo.
Apesar dos efeitos, muitas vezes destrutivos, do contato com os chamados civilizados, os índios ainda vivem padrões socioculturais tradicionais.
Organização social
A organização social indígena está baseada na família: é ela que planta, colhe, coleta, caça e pesca, para seu próprio sustento, ainda que algumas dessas atividades, especialmente a caça, a pesca e a coleta possam, eventualmente, ter um caráter coletivo.
Essa organização depende da capacidade do grupo se sustentar, isto é, da maneira como explora os recursos naturais disponíveis. Por exemplo, os que praticam a agricultura e, portanto, têm fonte mais segura de alimentação podem viver em aglomerações maiores do que os não-agricultores.
A posição das casas é que dá o formato da aldeia. Há grupos que constroem suas casa em círculo com uma praça central, outros, reúnem todos os indivíduos em uma única casa-aldeia. Quando são nômades, os índios normalmente vivem em habitações temporárias, acampamentos e abrigos cuja localização é determinada pela posição das roças, que não devem ficar a grande distância, para facilitar o transporte da colheita, ou pelo rio.
Organização social
As casas podem ter formatos diversos: circular, oval, retangular e poligonal. Algumas aldeias ganharam novas formas depois que os índios entraram em contato com os homens brancos e resolveram dispor suas casas de maneira linear como acontece com as vilas da região. As casas também ficaram diferentes, e não são mais construídas com folhas trançadas de palmeira e cipó, mas sim de tijolo e telha, formando vilas.
No interior da casa, os índios guardam os utensílios para preparo, transporte e armazenagem de comidas e bebidas, como panelas, potes, raladores, peneiras, além de móveis como redes, esteiras, bancos, fogões.
Nas paredes, costumam pendurar enfeites, armas, animais mortos, e até os ossos das pessoas mortas da família.
O índio não tem apego especial a casa, mas sim ao território tribal. A casa, portanto, pode ser abandonada a qualquer momento, seja quando toda a aldeia se desloca para áreas melhores para a caça ou a pesca, seja porque a casa foi invadida por tal quantidade de insetos que a melhor opção é construir outra.
Organização social
Além das casas permanentes, os grupos indígenas têm quase sempre construções provisórias, de acordo com a estação do ano, destinadas a facilitar o trabalho de coleta, caça e pesca, ou o trabalho em roças distantes. Por vezes, a população de uma aldeia pode dispersar-se. Famílias extensas ou nucleares, frequentemente na estação seca, afastam-se para realizar as mais variadas atividades, o que também lhes proporciona maior privacidade.
Fonte: Instituto Socioambiental
Organização social
Os locais onde se enterram os mortos indígenas seguem o formato das aldeias. Nas do tipo circular, o cemitério está localizado na praça central, ocupando o centro geométrico, à frente da casa dos homens ou casa-das-flautas. Nas aldeias tradicionais do Alto-Xingu, os túmulos são subterrâneos, tendo na superfície seus limites marcados por tocos de madeira roliça, de diferentes alturas e diâmetros. Nas aldeias lineares, que têm suas casas alinhadas paralelamente aos rios, os cemitérios quase sempre se localizam em uma das extremidades dessa linha. Também são construídos cemitérios afastados das moradias e da margem, mas ainda dispondo as sepulturas de forma paralela à margem do rio.
Organização social
Em nossa sociedade, a família é constituída, basicamente, por pai, mãe e filhos e pode ter outros agregados como avós, primos e outros parentes.
Nas sociedades indígenas, é comum que cada grupo doméstico tenha mais de uma família básica. Estas famílias de várias famílias, ou famílias extensas, são importantes para a subsistência das sociedades indígenas. Com muitas pessoas trabalhando, é sempre mais fácil socorrer um vizinho que teve problemas na colheita ou ficou doente e não pode plantar. Essa ajuda é bastante comum e dá prestígio ao chefe da família.
O trabalho cotidiano contribui para fortalecer os laços de solidariedade entre os familiares que se reúnem em torno da fogueira para cozinhar, comer, se aquecer, conversar e dormir.
A família é a unidade de produção e a ligação das pessoas na corrente das relações sociais. A distribuição de bens e de alimentos, a prestação de serviços e as trocas matrimoniais nas sociedades indígenas são feitas através da família.
Organização social
Para nós, pessoas que têm o mesmo sobrenome são da mesma família, mas na maioria das sociedades indígenas a situação é um pouco diferente. Cada grupo define quem é parente ou não-parente, segundo seus próprios critérios. Mas as relações de parentesco é que ditam regras e obrigações no cuidado com as crianças, na distribuição de alimentos, na formação de grupos políticos e até no casamento.
Muitas sociedades indígenas costumam separar as pessoas que a compõem em dois grupos distintos. A cada uma dessas partes, dá-se o nome de metade. Assim, um indivíduo, de acordo com as regras vigentes, pertence a uma ou a outra metade. Entre os Bororo, por exemplo, uma pessoa sempre pertence à metade de sua mãe. Já nos grupos Tukuna, cada indivíduo deve pertencer à metade de seu pai.
Há também regras específicas envolvendo o casamento: na maioria dos casos, cada indivíduo deve se casar com uma pessoa pertencente à metade oposta.
Família Tucuxi
Organização social
Essas metades podem se dividir em grupos menores, chamados clãs. Para constituir um clã, o grupo deve exercer um ou mais tipos de atividade em conjunto, seus membros devem participar de determinados rituais e deve haver uma linha de descendência comum entre eles. Os índios costumam mostrar que são membros de um determinado clã através de adereços, pintura corporal e até mesmo os motivos decorativos utilizados na cestaria.
Para as sociedades indígenas a ordem do mundo é uma mistura entre o social, o natural e o sobrenatural. Para manter essa ordem, os seres humanos devem obedecer às regras sociais e participar de cerimônias e rituais que geralmente expressam a articulação entre a sociedade, a natureza e o mundo sobrenatural.
Organização social
Em geral os ritos são festas animadas por músicas, danças e bebidas que marcam momentos importantes na vida das pessoas ou da coletividade. Os participantes utilizam adornos, pinturas corporais e trajes adequados para a ocasião.
Os ritos mais importantes para as sociedades indígenas são os que marcam a passagem de uma pessoa ou de um grupo de uma situação para outra, como a passagem dos jovens para o grupo dos adultos ou a morte de alguém. Em alguns grupos indígenas os rituais de passagem incluem momentos em que as pessoas que estão ingressando na nova categoria social sofrem maus tratos. Entre os Tikuna, por exemplo, as moças têm seus cabelos arrancados durante os rituais de iniciação.
Entre os Sateré-Maué, a iniciação dos jovens inclui picadas de formigas com ferrões dolorosos na festa Tocandira. Em nossa sociedade, situações semelhantes frequentemente acontecem quando os universitários recebem os calouros nos primeiros dias de aula na Universidade.
Podem-se explicar esses maus tratos como o último ato de hostilidade que um grupo pratica contra alguém que, em breve, será incorporado ao grupo.
Organização social
Numa comunidade indígena, o casamento de um indivíduo diz respeito a todos os indivíduos de seu grupo: a família, a linhagem, o clã, além de outros grupos de parentesco. Em geral, o casamento se dá entre membros da mesma aldeia, mas também pode acontecer entre pessoas de aldeias diferentes o que é politicamente importante, pois se criam alianças entre os grupos envolvidos no casamento. Através dos laços criados pelo casamento, formam-se redes de aldeias aliadas que podem se unir em caso de conflito.
Não há cerimônia de núpcias ou festa de casamento entre os índios. O namoro também é muito diferente do procedimento que ocorre em outras sociedades. Normalmente, a aproximação entre o homem e a mulher se dá através do oferecimento de comida.
O casamento entre os índios, em comparação com outras sociedades como a nossa, por exemplo, não pressupõe uma união duradoura e só se consolida com a chegada do primeiro filho. Se após dois ou três anos a mulher não tiver filhos, o marido insatisfeiro com a esterilidade da mulher geralmente procura outra esposa.
Organização social
Como no casamento estão envolvidos outros interesses além daqueles do homem e da mulher que se casam, não é raro encontrar uniões resultantes de troca de mulheres entre grupos familiares, habitantes ou não da mesma aldeia. Embora não apareça com a mesma frequência em todos os grupos, é uma prática bastante comum. Também é comum que o homem procure casar-se com uma mulher da casa onde já estão seus irmãos.
A poligamia masculina, isto é, o casamento de um homem com mais de uma mulher, é permitida em algumas sociedades indígenas como a Xavante, enquanto os Nambikwara só a admitem para os chefes de bandos. Nesse caso, a primeira esposa do chefe comporta-se como as outras mulheres do grupo: cuida dos filhos e das tarefas domésticas. As outras esposas, mais jovens, têm o papel de companheiras de trabalho do chefe, participando de suas excursões, como apoio físico e moral. E a poligamia feminina, isto é, o casamento de uma mulher com mais de um homem, também acontece, mas não é tão frequente.
Da mesma forma que em nossa sociedade, um encontro extraconjugal é considerado adultério nas sociedades indígenas, desde que o casamento esteja consolidado, ou seja, o casal tenha filhos.
Organização social
O tabu do incesto é considerado universal, pois é um elemento presente em todas as sociedades.
A união e as relações sexuais entre vários tipos de parentes consanguíneos são condenados pelos grupos indígenas. De um modo geral, é possível dizer que nenhuma sociedade indígena do Brasil permite o casamento de um indivíduo com a irmã, a mãe ou a filha, mas é fácil encontrar dois primos distantes ou um tio e uma sobrinha casados.
Os ritos funerários também são ritos de passagem, já que significam a passagem de um indivíduo do mundo dos vivos para o mundo dos mortos. Muitos envolvem cantos e danças. Outros incluem a autoflagelação como homenagem ao morto. Entre os Tapayuna, por exemplo, as mulheres parentes do morto - mãe, irmãs e viúva - choram e se cortam com pedras afiadas, facas e escarificadores de dentes diante do corpo sem vida. A irmã do morto costuma raspar completamente a cabeça da viúva em sinal de luto.
Organização social
Depois dos choros e lamentos, o morto precisa ser preparado para o sepultamento. Entre os grupos que habitam a bacia do rio Uaupés, no Amazonas, muitas vezes os preparativos para o enterro começam quando a pessoa ainda está viva. O sepultamento definitivo é feito numa canoa-esquife, uma canoa que é coberta por outra. Junto ao corpo colocam-se sua rede, arco, flechas e a sua cuia, com um pouco de farinha, pois acreditam que esses objetos serão usados numa outra vida.
Organização política
O poder político centralizado, da forma que o conhecemos em nossa sociedade, não existe entre os índios. Também não há tribunais e constituição escrita. Isto não significa que os índios não tenham leis ou líderes.
Geralmente, uma sociedade indígena não chega a ter um chefe que a comande como um todo. A aldeia é a unidade política mínima, mas frequentemente está em constante interação com as outras aldeias que fazem parte da mesma sociedade e com as sociedades vizinhas. As relações se dão através de alianças políticas, trocas de bens, prestação de serviços, arranjos matrimoniais e obrigações rituais. Cada aldeia é responsável por seus membros e decide sobre as formas de punição aos crimes cometidos.
A participação na vida política da aldeia depende da idade e do sexo do indivíduo. Normalmente, apenas os homens podem desempenhar algum papel político. Os líderes são homens e eles é que discutem as questões políticas da aldeia.
Organização política
A autoridade e liderança de um indivíduo, nas sociedades indígenas, estão alicerçadas no prestígio que angaria pelo seu desempenho social, pelo trabalho que realiza em benefício da aldeia. Frequentemente líderes são bons caçadores, agricultores, pescadores, desenvolveram qualidades e técnicas acima da média. Um bom orador ou xamã também se destaca dos seus pares, o que faz com que tenham prestígio e autoridade para o exercício do poder.
Um chefe deve reunir sabedoria, generosidade e o dom da oratória. O domínio do discurso é tão importante que se pode dizer que "não é o chefe que fala, mas quem fala é que é o chefe".
Aquele que reúne as qualidades necessárias ao desempenho da chefia tem que ser também muito habilidoso para tratar com os moradores de sua aldeia. Como acontece em todos os regimes políticos, sempre há adversários, prontos a desafiar o líder e tentar tomar o poder.
Organização política
E o exercício do poder não significa deixar de trabalhar. O líder precisa manter suas obrigações de chefe de família, marido e pai, sem descuidar das atividades diárias da coletividade e do contato com as famílias da aldeia. É assim que adquire prestígio e reforça sua autoridade.
O cacique Aritana Yaualapiti
Fonte: Wilson Dias/ABr
Organização política
Em algumas sociedades todos os chefes pertencem a um mesmo clã e a sucessão se dá através da descendência de pai para filho, ficando o poder com o filho mais velho, que começa a ser preparado desde pequeno para a sucessão de seu pai. A criança é encorajada a tomar decisões e a fugir do individualismo dirigindo seu raciocínio para os problemas do grupo. Quando isso não acontece, o jovem não serve para ser chefe. A escolha de um novo candidato, então, é feita pelas várias lideranças da aldeia após deliberarem sobre o assunto.
Outras sociedades têm regras menos rígidas para a transmissão da chefia. Quando o cargo não é vitalício e nem hereditário, o chefe deverá ser o líder que, além de exibir com mais vigor as qualidades inerentes à posição de liderança, deve revelar-se habilidoso para juntar aliados, aproveitando as rivalidades dentro da aldeia.
Organização política
Em todas as sociedades humanas existem intermediários entre os seres humanos e o mundo sobrenatural. Nas sociedades indígenas esses intermediários são conhecidos como pajés, ou xamãs, os médicos-feiticeiros.
O xamanismo é uma atividade essencialmente masculina, mas em alguns grupos essa atividade pode ser praticada por mulheres.
Os xamãs procuram neutralizar os males lançados sobre um doente, curando-o. Também podem tornar uma pessoa invulnerável a qualquer mal, lançar malefícios que causem doenças e morte a outras, além de predizer o futuro e identificar os autores de crimes. Acredita-se, também, que os xamãs têm poder sobre os ventos, chuvas, tempestades e raios.
As práticas xamanísticas comumente fazem uso de plantas medicinais, tabaco ou alguma droga alucinógena, geralmente num contexto ritual restrito. Os xamãs utilizam com frequência instrumentos musicais como o chocalho e entram em transe, tendo visões, fazendo contato com o mundo sobrenatural e tendo outras experiências sensoriais.
Organização política
Cabe ao xamã zelar pelo bem-estar geral da comunidade e proteger a aldeia dos espíritos malignos. A presença do xamã se faz necessária em vários rituais e ele conduz cerimônias para que os membros da aldeia façam boas caçadas, pescarias fartas e tenham boas colheitas. Ele também pede aos espíritos que o ajudem a resolver problemas como esterilidade e outras desordens atribuídas à feitiçaria.
Xamã extraindo doença de um bebê.
Fonte: Instituto Socioambiental
Organização política
As sociedades indígenas não praticam a democracia da forma como nós a conhecemos. Não há eleições formais para a escolha dos líderes e não se costuma contar há quanto tempo alguém está no poder. Um líder indígena fica no poder enquanto demonstrar que tem autoridade e aplicar seus conhecimentos em benefício da comunidade.
Qualquer deslize do líder pode significar a destituição e a retirada do apoio dos membros da comunidade. Se algum líder tentar impor sua vontade aos companheiros à força, sem procurar convencer os membros da aldeia e sem conquistar o respeito para com suas ideias, poderá ser ignorado e imediatamente substituído por outro líder mais confiável.
No que se refere ao exercício do poder, existe sempre diferença entre homens e mulheres, jovens e velhos, adultos e crianças. Os homens tendem a exercer maior domínio sobre as mulheres do que vice-versa, e os mais velhos sobre os mais novos.
O poder do líder político não está na força nem na repressão. A posição é mantida e o respeito é assegurado através da persuasão. Um bom líder é aquele que atende aos desejos da comunidade.
Organização política
O chefe pode ser assessorado ou ter seus poderes limitados por uma espécie de conselho formado pelos homens mais idosos e experimentados da aldeia, ou pelos líderes de famílias extensas. O conselho atua como colégio eleitoral do chefe e como tribunal que se pronuncia sobre questões relativas aos costumes do grupo.
A posição de membro do conselho é vitalícia. Quando um conselheiro morre, a escolha do candidato que deverá sucedê-lo depende da opinião favorável dos outros membros do conselho. O candidato deverá ser apresentado por um outro membro do conselho, em geral o próprio pai. Entre as qualidades requeridas estão o amor às tradições e a facilidade em recordá-las. Como prova de suas qualidades, o candidato poderá repetir as lendas da tribo, os cantos das danças, ou ainda mostrar a eficácia de seus sopros.
Organização política
Cada sociedade indígena tem a sua própria forma de lidar com os crimes, conflitos e atitudes consideradas infrações sociais. Em algumas sociedades o assassinato é severamente punido, em outras é tratado como assunto particular das pessoas envolvidas.
A punição ou castigo para os crimes consumados vão do ostracismo à expulsão, e podem até resultar na morte do criminoso. Também é comum o ostracismo coletivo, quando todos ignoram o infrator como se ele não existisse, recusando-se a falar com ele, olhá-lo e até ficar sob o mesmo teto.
Nas sociedades indígenas não há juízes, ou seja, um único indivíduo que, em nome de toda a sociedade, impõe as punições aos transgressores dos direitos dos outros. O julgamento é, em geral, feito pela coletividade ou, no mínimo, pelo conselho da aldeia.
Organização política
Mesmo a aldeia sendo uma unidade política independente, são frequentes os contatos políticos entre as aldeias de uma mesma ou de diferentes sociedades indígenas. O que se destaca nas relações tanto sociais quanto políticas entre os índios é que, mesmo quando há desigualdade, a aldeia que se considera superior não exerce poder de dominação ou extermínio sobre a outra. O mesmo não se dá quando as relações são interétnicas, ou seja, entre índios e não índios.
Os grupos do Alto Xingu estabelecem contato entre si através de casamentos intertribais, pelo comércio ou pela visita de uma aldeia a outra por ocasião da festa dos mortos, o Quarup.
Índios da etnia da Rikbaksta (MT)
Fonte: Valter Campanato/ABr
Organização política
Ao longo dos séculos, esta relação tem se caracterizado pela dominação dos índios pelos brancos, gerando uma contradição sem solução: de um lado os não-índios, intolerantes com o sistema de vida indígena, trabalhando no sentido de fazer com que as sociedades indígenas sejam assimiladas pela sociedade nacional. Ao mesmo tempo negam aos índios o pleno acesso a essa sociedade, mantendo-os à parte através de preconceitos e outras formas de discriminação.
A Constituição de 1988 trouxe conquistas expressivas para os índios.
Índio Umutina, Barra do Bugres.
Fonte: Museu do Índio