Nióbio
Depois que as exportações brasileiras de Nióbio - um elemento químico metálico identificado pelo símbolo Nb e um dos mais resistentes a corrosão – cresceram 110% em 10 anos e somaram US$ 1,8 bi no ano 2012, aumentou consideravelmente a cobiça dos países do globo em torno do mineral. Embora grande parte das pessoas nem saiba o que é e para o que serve, esse raro metal é extremamente importante para a indústria de alta tecnologia, indústrias aeronáutica e aeroespacial e indústria nuclear, incluindo armas e mísseis.
Para quem não tem conhecimento, estão em nosso país 98% das reservas de nióbio, minério este que substitui metais como níquel, cromo, vanádio, molibdênio, cobre e titânio em diversos setores industriais, e mais de 90% do total do minério presente na Terra. Mesmo sendo “dono” de grande parte desta riqueza, o Brasil ainda não tem uma política específica de exportação, o que gera informações contraditórias e desencontradas sobre sua importância para a economia e o PIB (Produto Interno Bruto).
Esta semana, a Câmara passou a analisar o Projeto de Lei 4978/13, do deputado Giovani Cherini (PDT-RS) que visa à regulamentação da extração e a exploração comercial do nióbio do território brasileiro. Pela proposta, “a extração, a exploração e o beneficiamento do nióbio devem ser feitos por empresas com capital exclusivamente nacional”.
Usado na produção de aço
De número atômico 41 e massa atômica 92,9 u, o nióbio é um dos elementos químicos mais resistentes a temperaturas extremas. Ele é utilizado principalmente como liga na produção de aços especiais. Atualmente, está sendo empregado em gasodutos, tomógrafos de ressonância magnética, automóveis, turbinas de avião, além de aplicações em lâmpadas de alta intensidade, lentes óticas, bens eletrônicos e outros.
Para fortalecer uma tonelada de aço são necessários apenas 200 gramas de liga de nióbio. Isso permite que as siderúrgicas produzam, com pouca quantidade do metal, automóveis mais leves e eficientes e pontes e edifícios mais robustos. Algumas empresas realizam ainda um processo de produção de um pó branco concentrado de nióbio para ser utilizado em lentes de câmeras e turbinas de avião.
Relembrando elementos químicos
Todos os elementos têm um nome e um símbolo. Os símbolos são usados para facilitar as equações químicas e representam a letra maiúscula do nome do elemento. Porém alguns são compostos de duas letras: a primeira maiúscula e a segunda minúscula. Isso evita que dois elementos cujos nomes começam pela mesma letra tenham o mesmo símbolo.
Na maioria das vezes, os símbolos coincidem com o nome do elemento, mas existe exceção, é o caso do chumbo (Pb) proveniente de plumbum em latim, do antimônio (Sb) proveniente de stibium, do cobre (Cu) proveniente de cuprum e outros.
País rico em recursos ainda continua pobre
Segundo informações, as jazidas brasileiras do metal estão presentes em três municípios: 61% em Araxá (MG), 21% em Catalão (GO) e outros 12% em São Gabriel da Cachoeira (AM). Alguns especialistas afirmam que o nióbio é tão indispensável quanto o petróleo para as economias avançadas.
Pelo relatório do Plano Nacional de Mineração 2030, o nosso país explora cerca de 55 substâncias minerais, o que corresponde a mais de 4% da produção global. Além disso, somos líderes mundiais na produção do nióbio. O Brasil também ocupa posição de destaque no caso do ferro e do manganês, contudo sua participação na produção global não ultrapassa os 20%.
Então, como um país tão rico em recursos naturais permanece pobre?
Algumas teorias sugerem que o Brasil vende seus minerais por um preço muito baixo e, com isso, perde “bilhões” ao não controlar o preço do produto. Já outros especialistas afirmam que, devido à cobiça, grandes siderúrgicas e maiores potências econômicas incluem o nióbio na lista de metais com oferta crítica ou ameaçada, fazendo com o que o Brasil perca mercado na venda.
Para o ex-deputado federal Enéas Carneiro, morto em 2007, a riqueza do mineral no território brasileiro “seria o suficiente para lastrear toda a riqueza do país”. O problema é que a questão do nióbio não é um assunto novo. O metal já foi relacionado ao mensalão, quando o empresário Marcos Valério afirmou na CPI dos Correios que houve uma conversa do Banco Rural com José Dirceu sobre a exploração de uma mina de nióbio na Amazônia. E foi incluído na lista de locais cujos recursos e infraestrutura são considerados estratégicos e imprescindíveis aos EUA. A informação partiu de um documento secreto do Departamento de Estado americano, vazado em 2010 pelo site WikiLeaks.
Para Elmer Salomão, presidente da Associação Brasileira das Empresas de Pesquisa Mineral (ABPM ) o Brasil realmente não tem uma política industrial para aproveitar suas riquezas e por isso não pode virar banco de estoque. “O que não podemos fazer é guardar toneladas de minério sem saber se no futuro isso será tecnologicamente utilizado ou não. Somos obrigados a aproveitar os nossos recursos minerais justamente devido à revolução tecnológica. A idade da pedra não acabou por causa da pedra, mas porque a pedra foi substituída por outra coisa”, disse ele.