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Introdução


O significado da palavra arte para os índios não é o mesmo que conhecemos. Em alguns grupos - como Xavantes e Kaxináwa - o termo arte é sinônimo de bonito, bom e saudável. Isso quer dizer que o índio, ao contrário de um artista de nossa sociedade, não faz objetos que servirão apenas para serem contemplados pelas outras pessoas. Tudo que se produz nas aldeias deve ser útil. Assim, um pote de cerâmica só é bonito se for bem feito e tiver utilidade. A arte indígena não é individual, reflete a cultura de uma comunidade.

Introdução


Para os índios não existe a figura do artista que se isola no seu estúdio para produzir obras de arte. Vamos ver nas próximas páginas algumas formas de manifestação da arte indígena:

Cerâmica


A cerâmica é característica das sociedades indígenas que habitam em áreas de floresta tropical. Entre os grupos habitantes do cerrado, é raramente encontrada. Não que os índios do cerrado tenham qualquer coisa contra a cerâmica. É que, durante a estação seca, eles precisam percorrer grandes distâncias em busca de alimentos. E artefatos de barro pesados e facilmente quebráveis não combinam com estes deslocamentos.

Até hoje, a cerâmica mais famosa produzida pelos índios no Brasil é a Marajoara. Mas o estilo marajoara foi obra de um povo indígena que desapareceu antes da chegada de Cabral. Atualmente, as cerâmicas mais conhecidas são as produzidas por tribos do alto Xingu.


Cerâmica Marajoara
Fonte: Museu do Índio

Cerâmica


Artefatos

Os índios usam o barro para fazer utensílios domésticos, como panelas, jarras e vasos, brinquedos, instrumentos musicais, como buzinas, chocalhos, pios ou chamarizes, tambores, urnas funerárias e até objetos pequenos, como cachimbos.

As ceramistas são quase sempre as mulheres, que colhem o barro na beira de rios e a seguir o guardam em local fresco, em cestos ou folhas de palmeira, para evitar o ressecamento. Depois de armazenada, a argila é borrifada com água, misturada com raízes, flores, cascas, carvão, às vezes pedras, moldada com as mãos e amassada em forma de blocos.

As técnicas de decoração variam e incluem banhos de corantes naturais, como o urucum, e desenhos de animais ou geométricos.

Algumas sociedades incorporaram novas técnicas, a partir do interesse na compra por parte do comércio.

Panela onça (yanumaka kana)
Fonte: Museu de Etnologia de Lisboa, Museu Nacional

Escultura


Antes da chegada dos europeus ao Brasil, a arte em pedra era bastante comum entre as sociedades indígenas. Muitos grupos produziam peças esculpidas em pedra, que representavam animais. Mas essa prática desapareceu e hoje é muito rara entre os indígenas, que preferem usar ferro e madeira para fazer seus adornos.



Escultura em madeira
Fonte: Museu do Índio Projeto Oiapoque
Escultura em madeira
Fonte: Museu do Índio Projeto Oiapoque

Música


A valorização da música é tão intensa entre os índios brasileiros que há a preocupação em preparar a voz muito cedo. Os cânticos podem ser acompanhados por instrumentos, geralmente de percussão - como tambores e chocalho - e podem ser entoados individualmente ou por um coro.

Nos séculos de colonização portuguesa, os jesuítas, na ânsia de conquistar o índio para a religião católica e, ao mesmo tempo, transformá-lo em mão de obra, enxergaram nos cantos religiosos uma estratégia eficiente de aproximação.

Inicialmente proibiram os cantos indígenas, considerados lascivos e diabólicos pelos padres, para substituí-los por melodias religiosas. Mas a música imposta pelos jesuítas não deixou marcas profundas nas canções entoadas até hoje pelos índios. Se compararmos a estrutura dos cantos indígenas atuais, verificaremos que ela é semelhante às formas musicais registradas por Jean Lery no século XVI.

Hoje, no cotidiano da maioria das sociedades indígenas brasileiras há sempre motivos para o índio entoar um canto. Os índios cantam juntos, embora haja sempre um solista. Há cantos de trabalho, cantos rituais, cantos profanos, cantos funerais, cantos de saudação, cantos de ninar.


Cantos e Danças de Aruana


Cantos da Tradição Xavante

Música


Instrumentos

Os povos indígenas costumam confeccionar instrumentos musicais de dois tipos: utilitários, que permitem qualquer tipo de comunicação, e sonoros, que têm função propriamente musical, como flautas e chocalhos. Mas muitas vezes um instrumento fabricado para ser utilitário serve para entoar uma melodia, assim como um outro essencialmente musical pode ser usado para estabelecer uma simples comunicação.

Os instrumentos continuam sendo feitos como nos tempos antes de Cabral e geralmente são de sopro e percussão, embora haja registros de instrumentos de corda e de instrumentos que produzem som pelo deslocamento do ar da atmosfera, como o zunidor

Zunidor
Fonte: Iandé - Casa das Culturas Indígenas

Pintura corporal


Urucum, também conhecido como colorau, que dá uma coloração avermelhada, e jenipapo, que dá o tom azul, são as matérias-primas mais usadas pelos índios para a produção das tintas usadas na pintura dos corpos.

Os riscos de cor branca geralmente são feitos com uma espécie de argila, a tabatinga.

Na maioria das sociedades indígenas, os desenhos em várias partes do corpo não são meros enfeites de festa. Eles podem indicar a idade, o estado civil, além do clã ao qual o índio pertence.

Os índios também usam tatuagens como adorno e elemento de identificação de aspectos sociais entre grupos. Para evitar o sangramento, usam água de folha de urucum, ou de jenipapo, em seguida cobrem a região com a tinta de jenipapo e arrematam o trabalho com resina.
Mas as tatuagens dos índios que habitam o Brasil não são sofisticadas como as feitas com a técnica desenvolvida pelos povos da África e do Pacífico.

Fonte: Museu do Índio

Arte plumária


Cocar de tribo tapirapé e índio da aldeia Matipu com cocar


Os índios usam as penas dos pássaros de plumagem mais bonita para confeccionar adornos.

Os pássaros mais cobiçados são o japu, o papagaio-verdadeiro, o papagaio-corneteiro, as araras vermelha e canindé e o mutum. A plumagem de algumas dessas aves é restrita, no entanto, há objetos usados por chefes e clãs específicos.

Essas penas são usadas na cor natural ou tingidas, conforme técnicas desenvolvidas.
Muito cuidadosos, os índios tomam algumas precauções para evitar que a matéria-prima de seus adornos de plumas se deteriore.

Para fixar as penas, os índios aplicam técnicas distintas, usando cordéis, talas, roletes, estofos, sementes, fibras etc.

Cocar de tribo Bororo e colar de tribo do Maranhão
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